Modelo é utilizado em países que convivem com condições climáticas extremas e atende a normas técnicas de segurança
As moradias pré-fabricadas que estão sendo erguidas pelo Governo de São Paulo, por meio de um método rápido e inovador, no bairro da Baleia Verde, em São Sebastião, contam com módulos de estrutura reforçada em sete camadas, o que torna as paredes impermeáveis e resistentes ao vento e à maresia.
Para acelerar a entrega das 518 moradias previstas, a construtora contratada pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) emprega painéis de madeira e placas estruturais. Os módulos são produzidos em modelo industrial, saindo prontos de fábrica. Em um curto espaço de tempo, as placas são “montadas” já no espaço da instalação.
A técnica é largamente utilizada no exterior, especialmente em países e áreas que convivem com condições climáticas extremas. O modelo possui certificações que atendem às normas técnicas de desempenho (NBR), como isolamento térmico e acústico adequados.
As primeiras unidades serão entregues em outubro, cerca de oito meses após os deslizamentos de terra que atingiram o litoral norte paulista. Por meio da tecnologia de estruturas pré-montadas, chamada de “wood frame”, foi possível erguer 18 prédios em pouco mais de seis meses. As unidades contam com 16 apartamentos cada.
“É uma tecnologia nova e que vem ao encontro do que o próprio governador quer: aumentar a capacidade de entregas habitacionais com uma tecnologia segura. Então acho que São Sebastião nesse ponto foi contemplada com um momento histórico do Estado porque uma parede de modernidade foi construída aqui pela primeira vez”, diz o coronel André Porto Rodrigues, secretário da Gerência de Apoio do Litoral Norte do Governo de SP.
As paredes externas têm 20 cm de espessura, e as internas, 16 cm. Todos os painéis são produzidos com os elementos elétricos, hidráulicos e as esquadrias – molduras de portas e janelas – embutidos. Isso quer dizer que ligações de água e instalações elétricas e de telefonia já estão fixadas na estrutura interna das paredes. Os componentes metálicos da construção são tratados para resistir à maresia.
Cada chapa é composta por materiais com propriedades variadas:
- Chapa cimentícia é a última camada na parte externa da parede – uma espécie de reboco que permite que a habitação seja tratada, pintada, reformada ou ampliada.
- Membrana hidrófuga permite que o vapor passe por ela, mas impede a entrada de água. Ou seja: envelopa o prédio de forma a deixá-lo impermeável, mas permitindo mais circulação do ar no interior das habitações.
- Chapa de material compósito resistente de características estruturais e responsável pelo contraventamento, que é a capacidade de solidez da edificação e de resistência ao vento. É este material que garante que se façam prédios de até cinco andares com essa estrutura.
- Peças de madeira Pinus tratada, que formam a estrutura da parede e garantem a durabilidade da edificação.
- Chapas OSB reforçam as paredes externas e internas.
- Duas chapas de gesso acartonado dão acabamento final no interior das moradias e podem receber revestimento de pintura e cerâmica. O gesso tem alta resistência ao fogo.
Conjuntos habitacionais
O Governo de São Paulo está construindo 518 novas moradias do bairro Baleia Verde. Serão dois conjuntos habitacionais em dois terrenos que somam 39 mil m², totalizando 30 edifícios de quatro pavimentos, com quatro apartamentos de 41 m² por andar. Haverá ainda 20 unidades térreas e 18 moradias para pessoas com deficiência, além de quatro centros de apoio ao condomínio. Até o momento, 20 dos 30 prédios já foram edificados.
Também estão em fase adiantada de obras outras 186 unidades no sistema de alvenaria estrutural na região de Maresias. Serão seis edifícios com quatro pavimentos, com 31 apartamentos de 41 m² por andar, construídos em um terreno de 12 mil m². Em Maresias, cinco dos seis prédios já foram edificados. A previsão do Governo de São Paulo é concluir todos os empreendimentos até o fim do ano, num investimento total de R$ 210 milhões.