Um dos maiores do mundo, sistema passa a contar com hidrelétricas de pequeno porte para aproveitar velocidade de escoamento
O Cantareira, um dos maiores sistemas de abastecimento de água do mundo, exemplifica a importância dos múltiplos usos dos recursos hídricos. Além de sua função primordial de fornecer água potável para 8,5 milhões de habitantes da Região Metropolitana de São Paulo, garantindo 58% do abastecimento só do município de SP, também tem sido usado como um polo de geração de energia sustentável, com a implantação de usinas hidrelétricas de pequeno porte, operadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), vinculada à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil).
A primeira usina em operação é a do Guaraú, junto à Estação de Tratamento de Água (ETA). Instalada na chegada de água bruta da ETA, a água, que antes passava pelas válvulas dissipadoras de energia (redutores de velocidade), agora segue para turbinas que passam a transformar essa energia em eletricidade. Com capacidade de geração de 4,1 megawatts (MW), a unidade também contribuirá para evitar a emissão de 12.700 toneladas de CO2 ao ano. A energia gerada, que é capaz de atender o consumo de 330 residências por uma hora, está sendo comercializada com uma operadora de telefonia como parte de um ambiente de novos negócios da Sabesp.
“O Sistema Cantareira, além de ser fundamental para assegurar a segurança hídrica do Estado de São Paulo, compartilha as infraestruturas para múltiplos usos dos recursos hídricos, como é o caso da geração de energia a partir desse sistema. Isso vai ao encontro do desenvolvimento sustentável que tanto buscamos”, reforçou a secretária Natália Resende, em visita às instalações no último sábado (2).
Além de Guaraú, a Sabesp, por meio de parcerias, constrói outra usina, prevista para entrar em operação em dezembro. Com capacidade de gerar 2,9 MW, a CGH Cascata vai aproveitar o potencial do canal que liga a represa Atibainha até a represa Paiva Castro, onde há uma estrutura hidráulica que dissipa a velocidade da água. Construída na década de 1970, a represa faz parte do conjunto de barragens que abastecem a Região Metropolitana de São Paulo. Localizada nos municípios de Franco da Rocha e Mairiporã, está em uma área de preservação de nascentes, onde o Rio Juqueri desempenha papel central no abastecimento de água.
A secretária visitou, também, a Estação Elevatória Santa Inês, a maior da Sabesp, que tem como função bombear água das represas Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha e Paiva Castro, que estão interligadas por túneis, até a represa Águas Claras, situada no topo da Serra da Cantareira. A estação tem capacidade para impulsionar 33 mil litros de água por segundo, por meio de três conjuntos de motobombas (além de um quarto conjunto sobressalente). Todo o sistema é subterrâneo, a 60 m do nível da via pública, e eleva a água em um desnível geográfico de cerca de 120 metros.
Monitoramento
As barragens do Sistema Cantareira são operacionalizadas e monitoradas pela Sabesp e fiscalizadas pelo Departamento de Água e Energia (DAEE) e pela Agência Nacional das Águas (ANA). O aprimoramento do Sistema tem sido feito de forma contínua, com ferramentas modernas de simulação hidrológica e sistemas automatizados que garantem a melhor operação e melhor aproveitamento dos recursos hídricos do Estado.
“O Cantareira é uma das mais belas obras de engenharia e hidráulica extremamente relevantes na matriz de oferta de água para as duas regiões mais populosas do Estado. Além disso, conta com ferramentas modernas de simulação hidrológica e sistemas automatizados que garantem a melhor operação e aproveitamento dos nossos recursos hídricos”, concluiu a superintendente do DAEE, Mara Ramos, que também acompanhou a visita.